segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A política e as figuras de linguagem

Estou pronto! Diga ao povo que já sei o que é anacoluto, antonomásia e sinestesia. Falo isso porque, antes de escrever esse texto, optei por fazer uma revisão no conteúdo. Mas para a construção destes parágrafos, nestas mal traçadas linhas, vou precisar apenas de duas figuras: a hipérbole e a metáfora. Percebo que esses dois conceitos aparecem frequentemente na política e são dignos de alguns comentários.

Certa vez o Senador Mão Santa, que presidia a sessão, chamou o orador inscrito para falar: “Concedo a palavra ao senador Fulano Cordeiro.” Fez-se um silêncio enquanto o Fulano se dirigia até a tribuna e ao assumir o microfone, imediatamente, corrigiu o presidente: “Senador Mão Santa, meu nome é Fulano Carneiro.” Mão Santa reagiu: “Eu sei que o seu sobrenome é Carneiro, mas Cordeiro também se aplica a Vossa Excelência, afinal o senhor é quase o cordeiro de Deus que tira todos os pecados do mundo.”

Mão Santa, a meu ver, é um símbolo do discurso hiperbólico. O seu biótipo é hiperbólico: cabeça grande, orelhas grandes, tom de voz alto etc. Outro dia a senadora que presidia a mesa, já sabendo que seus discursos não duravam menos que 30 minutos, advertiu: “Vossa Excelência tem um minuto.” "Gastarei trinta segundos elogiando a beleza de vossa excelência", disse ele. São muitas histórias, ou melhor, são milhões e milhões de histórias. A hipérbole está presente na política, ela prende a nossa atenção (para o bem e para o mal).

A metáfora é outro recurso amplamente utilizado no meio político. Nosso ex-presidente Lula, nunca antes na história desse país, usou tantas metáforas. Quem nunca ouviu suas comparações entre os ministros e um time de futebol? Geralmente com o seu time do coração, o “cúrintias”. Essa metáfora era muito utilizada para tentar explicar a dinâmica do governo e suas dificuldades. Ainda no que se refere a questão das metáforas, em 2008, no ápice da crise econômica mundial, o presidente galgou a célebre frase: “A crise lá [EUA] é um tsunami, se chegar aqui é uma marolinha.” A frase rendeu muitos charges e artigos dos colunistas da veja, mas, penso que a ideia era acalmar a população para que continuasse consumindo (isso é outra história).

Metonímia, ironia, eufemismo, é possível aplicar muitas outras figuras de linguagem ao contexto político, sem falar naquelas que são próprias da política, mas hoje vou ficar com essas duas. No próximo texto gastarei 15 linhas elogiando os meus leitores. Pra terminar no mesmo tom que comecei.

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