Estou
pronto! Diga ao povo que já sei o que é anacoluto, antonomásia e
sinestesia. Falo isso porque, antes de escrever esse texto, optei por
fazer uma revisão no conteúdo. Mas para a construção destes
parágrafos, nestas mal traçadas linhas, vou precisar apenas de duas
figuras: a hipérbole e a metáfora. Percebo que esses dois conceitos
aparecem frequentemente na política e são dignos de alguns
comentários.
Certa vez o Senador Mão Santa, que
presidia a sessão, chamou o orador inscrito para falar: “Concedo a
palavra ao senador Fulano Cordeiro.” Fez-se um silêncio enquanto o
Fulano se dirigia até a tribuna e ao assumir o microfone,
imediatamente, corrigiu o presidente: “Senador Mão Santa, meu nome
é Fulano Carneiro.” Mão Santa reagiu: “Eu sei que o seu
sobrenome é Carneiro, mas Cordeiro também se aplica a Vossa
Excelência, afinal o senhor é quase o cordeiro de Deus que tira
todos os pecados do mundo.”
Mão Santa, a meu ver, é um símbolo
do discurso hiperbólico. O seu biótipo é hiperbólico: cabeça
grande, orelhas grandes, tom de voz alto etc. Outro dia a senadora
que presidia a mesa, já sabendo que seus discursos não duravam
menos que 30 minutos, advertiu: “Vossa Excelência tem um minuto.”
"Gastarei trinta segundos elogiando a beleza de vossa
excelência", disse ele. São muitas histórias, ou melhor, são
milhões e milhões de histórias. A hipérbole está presente na
política, ela prende a nossa atenção (para o bem e para o mal).
A metáfora é outro recurso
amplamente utilizado no meio político. Nosso ex-presidente Lula,
nunca antes na história desse país, usou tantas metáforas. Quem
nunca ouviu suas comparações entre os ministros e um time de
futebol? Geralmente com o seu time do coração, o “cúrintias”.
Essa metáfora era muito utilizada para tentar explicar a dinâmica
do governo e suas dificuldades. Ainda no que se refere a questão das
metáforas, em 2008, no ápice da crise econômica mundial, o
presidente galgou a célebre frase: “A crise lá [EUA] é um
tsunami, se chegar aqui é uma marolinha.” A frase rendeu muitos
charges e artigos dos colunistas da veja, mas, penso que a ideia era
acalmar a população para que continuasse consumindo (isso é outra
história).
Metonímia, ironia, eufemismo, é
possível aplicar muitas outras figuras de linguagem ao contexto
político, sem falar naquelas que são próprias da política, mas
hoje vou ficar com essas duas. No próximo texto gastarei 15 linhas
elogiando os meus leitores. Pra terminar no mesmo tom que comecei.
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